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29 de jun. de 2009

Um escandalo


27 anos depois, o esqueleto do prédio que nunca chegou a ser concluído continua abandonado e em avançado estado de degradação. Este imóvel, cujo projecto compreendia garagens e uma série de apartamentos, é hoje considerado por muitos como “o prédio da vergonha”. Além da franca agressão exercida sobre o meio ambiente, este espaço, outrora tão promissor, transformou-se num autêntico “pombal” onde para além das pombas, abundam ratos, ratazanas e outros bichos, que diariamente atentam contra a saúde daqueles que por ali têm de passar. Também os conhecidos painéis que, em tempos, taparam a carcaça do prédio estão hoje deteriorados e remetidos ao abandono, concorrendo com o lixo que ao longo dos anos se tem acumulado no interior do prédio cadavérico.Por outro lado, o acesso ao interior do prédio faz-se com toda a facilidade o que possibilita a utilização frequente de que tem sido alvo, nomeadamente por toxicodependentes, daí as seringas visivelmente misturadas com o lixo amontoado no interior do imóvel.Reza a história que a empresa que lançou este empreendimento e de que era funcionário o actual Presidente da Câmara Castro Fernandes, faliu. O processo relegado para o fórum jurídico revelou-se uma autêntica “trapalhada”. Muitas foram as famílias Tirsenses que ali aplicaram as suas economias, ficando sem casa e sem dinheiro. Localizado na principal entrada da cidade, na Praça Camilo Castelo Branco, este esqueleto de péssimo aspecto é hoje o cartão-de-visita para quem se desloca a Santo Tirso.Ditam as regras elementares do bom senso que uma cidade que se preze, prima pela qualidade de vida, tenha elevados padrões de exigência a nível urbanístico e de planeamento e que queira atrair visitantes assim como investidores, não pode, ao longo de tantos e tantos anos, dar-se ao luxo de tolerar este tipo de cartão-de-visita. Certo é que, em 2004, aquando do Europeu de Futebol, a Câmara Municipal gastou muitos milhares de euros em painéis com o intuito de “esconder” a face do prédio. Entretanto, os referidos paneis degradaram-se e acabaram por ser substituídos por outros que custaram mais alguns milhares de euros ao erário público… quantos mais paneis serão necessários?Nunca foram dadas explicações aos Tirsenses para o facto de 27 anos depois, 324 meses, 16.848 semanas e cerca de 135 mil dias, nada tenha sido feito para resolver este assunto. Mas este não é um caso único. Quem entra na cidade a partir da rotunda Lama, também dá de “caras” com o esqueleto de um prédio que se encontra abandonado.Recentemente, e apenas em algumas semanas, a Câmara tomou posse administrativa de um prédio em São Martinho do Campo. O prédio acabou por ser demolido, acertadamente ou não, já que conforme veio a público, os tribunais ainda não se pronunciaram sobre o assunto. Este facto pode significar que a Câmara Municipal tem instrumentos, poder de influência e condições para, com vontade política, resolver a situação que, naturalmente, envolverá, de igual modo, os interesses das famílias que ali, e com toda a legitimidade quiseram ter a sua habitação.