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2 de out. de 2009

Guernica e a Memória Histórica

Na passada edição deste jornal, estando eu a folhear o mesmo, um artigo despertou-me a atenção. “Guernica, o sofrimento retratado”, da autoria do sr Bruno Lopes, fala da destruição causada pela aviação nazi na cidade de Guernica no ano de 1937, em pleno decorrer da guerra civil espanhola. Se este trágico acontecimento marcou Picasso, pintor de cuja obra não sou grande apreciador, talvez outros trágicos acontecimentos, como o massacre de mais de 7000 religiosos, incluindo bispos, sacerdotes, seminaristas, freiras, já para não falar em centenas de leigos que foram assassinados pelo simples facto de professarem a fé católica, os bombardeamentos republicanos na zona de Córdova, como foi o caso do bombardeamento da localidade de Cabra, que causou 88 mortos e 117 feridos, as profanações e destruição de imensas igrejas e outros templos, curiosamente foram destruídos e saqueados várias igrejas em Málaga, terra natal do artista, os homicídios em massa em Paracuellos del Jarama e noutros locais, o assalto ao Cárcere modelo de Madrid, onde estavam presas pessoas apenas por motivos políticos, e que foram barbaramente assassinadas por grupos de esquerda, com a conivência da república. Estes e muitos outros factos talvez não tenham sido relevantes para o sr Picasso, mas são a “outra face” da guerra civil. Se esta guerra, trágica diga-se de passagem, aconteceu, foi porque havia motivos para que ela acontecesse. Recorde-se que em 1934, uma sublevação nas Astúrias, contra o governo de direita democraticamente eleito, só foi travada devido á inteligência militar do General Francisco Franco, que curiosamente viria após a morte por acidente, primeiro do General Sanjurjo, e depois do General Mola, a comandar a sublevação militar de 18 de Julho de 1936. Sim, de facto houve uma “agonia e dor insuportável”,mas note-se, dos dois lados. Se o franquismo, regime com o qual não concordo, fez fuzilamentos e presos políticos, a república também os fez, sendo destes o caso mais conhecido o de José António Primo de Rivera, fundador da Falange Espanhola, partido legal, e ilegalizado pela republica, contra a decisão do tribunal constitucional espanhol de reafirmar a existência legal do partido, foi preso e fuzilado sem culpa formada. Este é apenas um caso entre muitos. Recentemente, foi promulgada a “lei da memória histórica” pelo governo socialista de Zapatero, que visa “apagar” as marcas do regime de Franco, mas no meu entender, esta lei só vem reabrir feridas que já estavam há muito cicatrizadas, mas já que a lei existe, que se discuta livre e imparcialmente aquilo que de facto se passou naqueles conturbados anos de 36 a 39. Memória histórica sim, mas com rigor e isenção para os dois lados.

Francisco Pereira
Falangistacampense.blogspot.com

Crónica publicada no semanário "Jornal de Santo Thyrso" no dia 25 de Setembro